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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Não ouço, não vejo, não falo.



Quem lembra daquela mítica figura dos três macaquinhos sentados: um tampando os ouvidos, o outro os olhos e o último, a boca? Eles fazem parte da tradição japonesa e ornamentam a entrada de um templo sagrado do século XVII, na cidade de Nikko. Eles são Mizaru, o que cobre os olhos, Kikazaro, o que tapa os ouvidos e Iwazaru, o que tampa a boca. Além disso, representam o provérbio: não veja o mal, não ouça o mal e não fale o mal.

Porém, em dias atuais, também pode ser traduzida como "não vejo, não ouço e não falo" - na primeira pessoa mesmo - sendo aplicada para tudo, principalmente nos relacionamentos. Afetivos, é claro.

O fato é que tenho percebido um certo movimento "autista" por parte de algumas pessoas e até mesmo de casais. Essa turma passou a viver num universo paralelo, num Second Life, sei lá, se recusando a encarar a realidade. É a tal cegueira das circunstâncias, que atinge quem se recusa a ver a vida de verdade. É a mesma coisa.

O que me incomoda nisso tudo é que responsabilidades estão sendo deixadas de lado: ninguém ouve ninguém, não há diálogo e, por fim, ninguém mais se enxerga. Depois reclamam de seus parceiros, reclamam de não ter ninguém pra dividir a vida, a chatice dos dias corridos ou o colorido de um alvorecer.

Na cabeça dessas pessoas o que importa é o agora, o "meu": meu trabalho, minha vontade, minhas necessidades, minha vida. Meu mundo. Aliás, o mantra é "eu e meu mundo". Egoísmo puro. Bobagem.

O duro é que amanhã ou depois essas pessoas talvez percebam o tempo que perderam girando em torno de seu próprio umbigo. Vai faltar história, memória ou qualquer coisa de valor pra contar, ou para ter pra si próprio. Não existirão lembranças de porres com amigos ou conversas lamuriosas por causa de uma moça, nem um papo que tenha marcado, que tenha feito mudar o caminho ou rever conceitos.

Ou talvez nunca mudem e vivam achando que seu mundinho é perfeito (ou impenetrável, vai saber) e que os outros gastam tempo demais com os outros. Aliás, essa é a chave! Falta disposição para ter preocupações alheias.

Por causa da máxima "cada um com seus problemas" estamos ficando distantes uns dos outros. Aos poucos, as pessoas estão perdendo o timming do diálogo, o jeito de ouvir e a graça do olhar.

Uma pena... Porque eu, dentro do meu mundo (que é vasto e tem espaço pra todos), continuo com bons e velhos hábitos:


  • de dar bom dia, desejando que seja realmente bom.

  • de ouvir quando alguém fala comigo e dar atenção a isso.

  • de ver o mundo com olhos alegres e o coração carregado de esperança.

Eu ouço, eu vejo e eu falo!!


Postado por Andréa

2 comentários:

Di Valente disse...

Realmente Déa, hj em dia falta algo muito importante, diálogo !
É tão bom fazer uma terapia em grupo, igual a que fazemos de vez em quando, ouvir e ser ouvida.

E como diz um amigo meu mineirim com um toque macaense de ser rs

Existem dois tipos de problemas: Os meus problemas e os seus problemas

Q nada mais se resume a frase que você usou acima "cada um com seus problemas" rsrs....

Mas acho que não é bem por ai, temos que sim, ver, ouvir e falar....descer do salto e botar a boca no trombone se for preciso !
E não viver em um mundo paralelo, fingindo que nada ao nosso redor está acontecendo.

Bjs

Di

Denise disse...

Dea, taí um assunto interessante! Hj em dia td mundo só olha pro próprio umbigo, é verdade. Está na hora de olharmos para o lado e ver que o mundo vai muito além da nossa redoma. Arrasou. beijos