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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Este Mal Necessário


Há alguns meses, quando decidi que não trabalharia mais como jornalista eu sabia que estava abrindo mão não só de manter meu networking, mas também de algo pelo qual todos nós trabalhamos: dinheiro. Eu sabia que teríamos apenas um salário em casa, que faríamos algumas concessões e que a vida ia tomar um destino um pouco mais diferente.
Eu decidi assumir este risco e me fiz acreditar que seria melhor assim. Afinal, não há bônus sem ônus e esta seria só mais uma vez, entre tantas que eu já vivi, que teria de fazer sacrifícios. E assim foi e está sendo feito.
No entanto, quanto mais o tempo passa, mais eu percebo o quanto eu sinto falta de ter minha independência, conquistada aos 17 anos. Sim, porque desde esta idade que eu não peço nada para meus pais nem para comprar um esmalte. Paguei sozinha minha faculdade, meu carro, minhas roupas, baladas e viagens. Dona do meu nariz e das minhas contas.
Quando eu decidi dar alguns passos para trás, para poder seguir em frente, eu pensei muito mas não tinha noção de que daria também tantos passos financeiramente.
Estou escrevendo tudo isso porque estes dias me vi fazendo contas com o meu marido para saber quanto teríamos até o fim do mês, quando poderíamos comprar isso ou aquilo e, principalmente, quanto vai faltar para quitarmos o mês. E me senti uma inútil olhando que tínhamos muitas despesas e que, de minha parte, não entraria nenhuma receita. Eu voltei no tempo e me senti uma criança. Quando falei isso para o meu marido ele me disse que estava agindo como uma boba, que era o dinheiro da casa e não dele ou meu. Mas alguma coisa na minha cabeça ficou martelando – uma culpa, sabe?
A impressão que eu tenho é que esta culpa me segue pelo que quer que eu faça. Quando eu trabalhava fora, me sentia culpada por não ficar em casa, não ter tempo pro meu filho e meu marido. Culpa em não me ouvir e ir atrás dos meus sonhos de mudar de profissão. Hoje, quando cedi à estas culpas, surgem novas.
Fico pensando em porque nunca está como queremos que esteja. Porque sempre tem algo que nos faz repensar momentos e decisões. Porque nem sempre estamos satisfeitos? Isso me parece muito egoísmo, tendo em comparação tantas situações que vemos por ai.
Seja como for, é cada vez mais nítido que o dinheiro, este mal necessário, pode nortear decisões, mesmo que inconscientemente. Cabe à nós lembrar quais foram nossas escolhas para não desvirtuar dos nossos objetivos. E agora, neste momento, cabe a mim parar de me culpar por tudo o que acontece. Porque só assim, talvez, eu possa voltar a dormir em paz.

Postado por Denise

1 comentários:

Evy disse...

Oi Dê, eu acho que te entendo...
Essas "culpas" parecem que vivem na minha cabeça também...
Imagino que deva ser mesmo muito complicado ver que não está contribuindo com $$$ nas contas da casa, e querendo ou não o mardito $$$ faz falta sim, ainda mais quando se tem filho pequeno, né?
O bom é que o Lê é um marido e um pai maravilhoso, não é mesmo? Você tirou a sorte grande!!!

AMO VOCÊS MUITO!!!

Beijos