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segunda-feira, 22 de março de 2010

Casadas umas com as outras.


Hoje eu ia escrever sobre o "susto" que eu tive semana passada, dos dois dias no hospital e de um diagnóstico impreciso, variando entre stress, síndrome do pânico e microtromboses no cérebro.

Porém, hoje eu recebi uma mensagem de alguém que eu acho que não conheço (kkk), porém, que manda sempre algo bacana.

É mais um texto daquela escritora gaúcha Martha Medeiros.

Espetacular, ele fala sobre a amizade. Ou melhor, vai além. Sugere que amigas de verdade são casadas umas com as outras. Se for assim, tenho, pelo menos, uma dúzia de esposas por aí!!


Sisters
Martha Medeiros

Sempre que chega o Dia Internacional da Mulher, procuro fugir do discurso de vitimização que a data invoca. Não que estejamos com a vida ganha, mas creio que as mulheres já mostraram a que vieram e as dificuldades pelas quais passamos não são privilégio nosso: injustiça e violência são para todos. Temos, ainda, o grande desafio de conciliar as atividades domésticas com a realização profissional, e precisamos, naturalmente, da parceria do Estado e da parceria dos parceiros: ser feliz é um trabalho de equipe. Mas não vou utilizar o 8 de Março para colocar mais água no chororô habitual. Prefiro aproveitar a data, este ano, para fazer um brinde à nossa importância não para a sociedade e nem para a família, mas umas para as outras.

Assistindo em DVD ao delicado filme Caramelo, produção franco-libanesa do ano passado, tive a sensação boa de confirmar que o tempo passa, os filhos crescem, os corações se partem, mas as amigas ficam. Como todos os filmes que abordam a amizade e a solidão intrínseca de toda mulher, Caramelo nos consola valorizando o que temos de melhor: a nossa paixão, a nossa bravura (“sou mais macho que muito homem”) e o bom humor permanente, mesmo diante de tristezas profundas.

No filme, elas são cinco: a amante de um homem casado, a que tem pavor de envelhecer e por conta disso se submete a situações humilhantes, a garota muçulmana com casamento marcado que precisa esconder do noivo que não é mais virgem, a enrustida que se sente atraída por outras mulheres, e a senhora que desistiu de investir no amor para cuidar da irmã mais velha, que é mentalmente perturbada. Todas diferentes entre si e todas iguais a nós: mulheres conflituadas, mas que podem contar umas com as outras em qualquer circunstância.

Recentemente recebi por e-mail um texto anônimo, em inglês, que falava justamente sobre isso: precisamos de mulheres a nossa volta. Amigas, filhas, avós, netas, irmãs, cunhadas, tias, primas. Somos mais chatas do que os homens, porém, entre uma chatice e outra, somos extremamente solidárias e companheiras de farras e roubadas. Esquecemos com facilidade as alfinetadas da vida e temos sempre uma boa dica para passar adiante, seja a de um filme imperdível, de uma loja barateira ou de uma receita para esquecer da dieta. Competitivas? Talvez, mas isso não corrompe em nada a nossa predisposição para o afeto, a nossa compreensão dos medos que são comuns a todas, a longevidade dos nossos pactos, o nosso abraço na hora da dor, a nossa delicadeza em momentos difíceis, a nossa humildade para reconhecer quando erramos e a nossa natureza de leoas, capazes de defender não só nossos filhotes, mas os filhotes de todo o bando.

Aprendemos a compartilhar nossas virtudes e pecados e temos uma capacidade infinita para o perdão. Somos meigas e enérgicas ao mesmo tempo, o que perturba e fascina os que nos rodeiam. Brigamos muito, é verdade: temos unhas compridas não por acaso. Em compensação, nascemos com o dom de detectar o sagrado das pequenas coisas, e é por isso que uma amizade iniciada na escola pode completar bodas de ouro e uma empatia inesperada pode estimular confidências nunca feitas. Amamos os homens, mas casadas, mesmo, somos umas com as outras.

publicado no jornal Zero Hora, em 07 de março de 2010.


Postado por Andréa (que promete que semana quem vem explica direitinho o que está acontecendo com sua saúde).

5 comentários:

Evy disse...

Oi Déa!
Quase caí da cadeira quando li o inicio do post...
Depois você vai contar direitinho o que houve,né?

Bjos,
Evy

Anônimo disse...

Olá Déa...Poxa!!! que barra,mas conta comigo amiga não quero ver vc assim...
Amei este texto,pois,apesar de estar longe de vc's,na verdade quando estou mal só de pensar que tenho como irmãs,amigas,me conforta muito.Sinto que nunca estarei sozinha.
Amo vc's
Gabi

Jú Manocchio disse...

Faço as minhas as palavras da Gabi.
Dé, tamu junto...
Amo Vcs
BJs

Andréa disse...

AMOLHES PRA CAR*****!!!!

KKKKKK!!!
Bjs da Déa

Di Valente disse...

É nozes, casadas pelo resto da vida kkkkk....
Mesmo com a correria do dia a dia, as vezes não temos tempo de nos falar, mas temos certeza de uma coisa. De que nossa amizade está viva e cada dia mais fortalecida.

É nois queiroz.....