“Relacionar-se é vocação, difícil e rara. A concentração é contínua, o trabalho é de artesão. Um desafio delicioso”
Cinthya Verri
Com essa frase, um dos meus autores favoritos (Fabrício Carpinejar) abriu um de seus últimos textos: http://carpinejar.blogspot.com/2010/02/separacao-criativa.html. A pessoa que diz a frase nada mais é do que sua namorada e, dessa forma, conseguiu traduzir perfeitamente o "pulo do gato" de uma relação.
Só se relaciona quem tem o dom, quem tem vocação. Quem não tem paciência com o outro dificilmente saberá superar os obstáculos que uma relação tem. E também dificilmente conseguirá ter uma relação com alguém porque sua capacidade é limitada às palavras proferidas e aos "muros" que criou em torno de si próprio. Também é preciso ter tempo, já que ter alguém demanda um tempo enorme para se descobrir, para se encontrar ou reencontrar.
Relacionamento às vezes parece uma corrida de obstáculos: a cada 100m tem alguma coisa pra impedir o avanço, pra fazer voltar atrás ou simplesmente empacar, desistir. Porém, se há uma vontade em comum, a cada cancela saltada vem a sensação de paz, de recomeço.
Ter alguém é ter que engolir sapos às vezes. Ou brejos. Ou um ranário completo. Para se ter paz num relacionamento é preciso, além da paixão, um bom sistema digestivo pra digerir pedras e algodão doce ao mesmo tempo. Porque o amor é o algodão doce - aquela coisa real, mas tão delicada que se dissolve num toque. Mas se saboreada entre os dois traz a sensação doce de proximidade.
Posso até ser crucificada, apontada, criticada, mas hoje prefiro me manter num relacionamento seguro, estável, com uma série de obstáculos superáveis, do que partir para a aventura do começar de novo, e aprender quais são as "sensibilidades" do parceiro e ficar driblando, tal qual um zagueiro da segunda divisão, os medos e o desconhecido. É como tentar dançar uma valsa num quarto escuro e apertado, e sem saber onde o parceiro está. Eu gosto mesmo é do desafio diário de continuar conquistando (e ser conquistada por) alguém que está há cinco anos do meu lado.
Como disse no começo, se relacionar é dom. Mas a arte mesmo está em manter por tanto tempo a chama acesa, mesmo que ela pisque em algum momento.
Postado por Andréa
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