Mantenha Distância: Mulher Alterada

Os librianos são conhecidos por serem adeptos à diplomacia e cordialidade. Gostam das coisas bem arrumadas, combinando, da boa aparência e do bem-estar de todos. É o tal do equilíbrio representado fielmente pela imagem da balança, correspondente ao signo.
Eu posso dizer que sou assim. Adoro receber meus amigos, planejo com antecedência tudo o que pode agradá-los, se me vejo em uma situação onde tem alguma coisa desconfortável tento apaziguar, mesmo que a piadinha seja sem graça e D-E-T-E-S-T-O não estar num clima bom com alguém. Mesmo que isso me custe anular alguma coisa que seria importante para mim. Muitas vezes já me vi omitindo opiniões apenas para não gerar atritos. E eu não sofro com isso, porque me importa muito o bem-estar das pessoas que estejam ao meu lado. Também não me deixa sem personalidade, porque quando eu quero alguma coisa, eu só tenho foco para ela.
No entanto, com coisas triviais, eu sempre estou em cima do muro, e assim o meu humor muda constantemente. Posso estar alegre agora e, em instantes, ficar triste, chorar e não saber o motivo.
Estou dizendo isso tudo porque a minha parte alegre tem estado meio ausente nos últimos dias. Tenho sentido uma coisa estranha que me impede de olhar a vida com a graça que ela deveria ter. Eu acordo, passo o dia e vou dormir angustiada. E, por mais que eu tente, não consigo saber o que me aflige.
Sei que estou sendo egoísta em partes, porque tenho ao meu lado pessoas que eu amo e tudo o que fiz e tenho feito é por minha escolha e total livre-arbítrio. Mas alguma coisa está faltando – e não saber o que é, está me matando por dentro.
As pessoas passam a vida em busca do amor, porque com ele, acreditam que terão a felicidade eterna. Eu tenho o amor. E, ao meu modo, sou feliz. Será que isso basta? Será que esta é a continuação do “felizes para sempre” nos finais dos contos de fadas?
Será que a Cinderela já tirou o sapato de cristal e passou uma pilha de roupas? Ou ficou preocupada com o cheque que vai cair e deixar a conta negativa? Será que a Cinderela olhou para seus filhos (se é que ela teve) e pensou: “dorme logo, por favor, porque eu quero dormir”? Será que a Cinderela já ficou sozinha em casa um dia todo sozinha e ainda assim se sentia no lugar errado?
Eu queria que alguém escrevesse uma história com o depois do “viveram felizes para sempre”, porque eu quero saber exatamente o que isso significa.
Eu percebo que quanto mais se busca a felicidade, mais estamos longe dela porque o que temos nunca é o bastante. Eu sou uma pessoa que sonha muito. Sou muito ambiciosa e tenho muitos desejos. E, por mais que isso seja um excelente combustível para a minha vida, porque me motiva a crescer, é extremamente frustrante quando algo não sai como eu queria. Sabe aquela coisa de: “quanto mais alto você voa, maior é o tombo”? Eu vivo caindo.
Ficar angustiada é uma das piores sensações que eu já tive, porque é um misto de sentimentos que te reviram o estômago, te dão mal-estar, indisposição, vontade de chorar e, ao mesmo tempo, me dá uma vontade de me chacoalhar e parar com isso.
Mas também acredito que isso deve ser uma fase, já que estou passando por muitas mudanças na minha vida. Eu só sei que esta angústia está me matando. Me afeta tanto que chega a doer fisicamente. É uma vontade enorme de gritar muito alto, de esbravejar. De pegar o carro e sair dirigindo sem rumo. Ou então, de deitar e dormir, dormir, dormir, até isso tudo passar.
Porque vai passar, eu sei que vai.

Postado por Denise