O livro “O Corpo Fala” (Pierre Weil e Roland Tompakow, ed. Vozes) aborda a relação não-verbal do nosso corpo com o ambiente, destacando ações em que, mesmo em silêncio, dizemos exatamente o que estamos sentindo ou pensando. É um livro com uma teoria interessante e que, se você pensar bem, tem alguma lógica, como o fato de cruzar os braços ao conversar com alguém significar defesa, como se os braços te dessem a distância necessária daquela pessoa.
O meu corpo tem falado também. Não exatamente no contexto do livro, mas tem falado. Eu diria que ele tem gritado muito para me fazer tentar ouvir. Quando eu fiquei grávida – e engordei absurdos 17 quilos – meu corpo começou a querer me dizer alguma coisa, porque eu fiquei um pouco mais saudável, mesmo sem querer. Eu nunca fui uma pessoa de comer coisas lights, verdes e frutas. Pelo contrário, adoro fast-food e coisas engordativas. Mas, durante a gravidez eu senti um único desejo: comer goiabas. Eu devorava ferozmente goiabas vermelhas e lindas e, em um só dia, eu cheguei a comer oito delas! Minha amiga Vanessa dizia que meu filho ia nascer a cara do Chico Bento se eu continuasse assim...
No entanto, mesmo comendo as goiabas, eu não ouvia meu corpo pedindo coisas saudáveis e continuei comendo as coisas que gostava. E no sexto mês de gravidez um exame detectou minha diabete gestacional. Como “castigo” fiquei até o fim da gravidez sem comer nada que contivesse açúcar e a controlar, como xiita, o consumo de carboidratos. Meu filho nasceu, a diabete passou, eu amamentei, emagreci bem e, me sentindo saudável de novo, voltei aos meus velhos hábitos: comer qualquer porcaria para enganar o estômago, jantar lanches, deixar de lado de fora do prato tudo o que é verde, substituir as frutas por doces e sorvetes e claro, nunca mais comi goiabas.
Por um tempo foi tudo bem, até começaram a nascer espinhas – aquelas que eu não tive nem na época da adolescência. Depois, aftas e mais aftas, sarava uma e aparecia outra. E a gripe? Era só pronunciar esta palavra para eu pegá-la. Relapsa que sou, fui levando. Foi quando as calças começaram a ficar muito justas, as blusas não fechavam e o biquíni ficou horrível. Pior ainda era olhar uma roupa linda na vitrine, tentar experimentar e ver que “não tem seu tamanho”. Nem você sabe mais qual é o seu tamanho. Minha mãe, sempre no pé, me avisava: “você precisa fazer um regime!” E eu, mesmo sabendo que ela tinha razão, descontava minha frustração comendo mais.
De repente, comecei a me sentir mais cansada do que o habitual. Qualquer caminhada era um sufoco e, só de pensar em sair e ter que me vestir, eu ficava triste, porque sabia que minhas roupas estavam apertadíssimas. Chorei, chorei, chorei. Morri de ódio de mim mesma, de ser tão fraca, de não ter força de vontade para conseguir ser eu mesma de novo.
Criei coragem, fui ao médico. Fiz milhões de exames que me disseram exatamente aquilo que o meu corpo estava tentando me dizer e eu não ouvia: você está doente. Seu colesterol e seu triglicérides estão altos e você está a um passo de se tornar diabética de novo. E o seu peso está 20 quilos acima do ideal.
Fiquei em estado de choque. Vinte quilos é mais do que eu engordei na minha gravidez! Precisei tomar uma atitude e, desta vez, estou tomando. Comecei a dieta da nutricionista há quase um mês, estou tomando os remédios que controlam o colesterol, cortei doces e estou dosando bem os carboidratos. E, mesmo que ainda esteja no primeiro mês, já me sinto bem mais leve. Algumas calças já entram com mais facilidade e eu tenho mais disposição. Ver que está dando certo me motiva a continuar e a prestar mais atenção em mim e nos sinais que o meu corpo me dá. Eu preciso entender que não sou mais uma adolescente. Eu já sou uma mulher e o corpo vai pedindo cuidados que eu estava ignorando. Cuidar de mim não significa só eu estar bem, mas também uma vida mais saudável dentro da minha casa. Estamos nos habituando a comer frutas como sobremesa, sem ficar neurótica com um doce de vez em quando. É a famosa dose de equilíbrio, que estou tentando colocar em nossa rotina e tem dado certo.
Tudo isso tem servido para me mostrar que eu precisava mesmo começar a ouvir o que o meu corpo estava dizendo e que, nem sempre, este papo de “natureba” é modinha. Mais uma vez, foi preciso sentir na pele para poder aprender, mas eu estou aprendendo e espero, de verdade, que, na próxima vez em que o meu corpo falar, ele berre, aos quatro cantos do mundo: “você conseguiu!”
Postado por Denise
7 comentários:
Dê
O que posso dizer é que temos que tomar cuidado com nosso peso, pq ele faz parte de nossa saúde.
Quando somos mais jovens é fácil manter o peso, tanto que nunca tive problemas e posso dizer que sempre fui uma pessoa magra (tirando o quadril é claro kkkk).
Mas com o passar dos anos e hj com praticamente 33 anos percebo que já tenho dificuldades para emagrecer alguns poucos quilos.
E acredito sim que o corpo fala e quer nos mostrar que estamos seguindo o caminho certo ou errado.
Se cuidar é bom e isso tem que ser algo para o resto da vida.
Bjs
Di
Ei Denise
Eu creio com força que o corpo fala.Li sobre a memória do corpo, e achei fantástico descobrir que se vc passa muitos anos com um certo peso, precisa de tempo tb com outro,pro corpo arquivar o novo peso.Se não me engano, algo como 2 anos.Olha e acho que isso é verdade, pois passei 20 anos com o mesmo peso não subia e nem descia 1graminha se quer...
Bjo
heheheh que comentário tosco esse meu!! hahahahahahaha
Puts, isso é verdade mesmo!
É horrível tentar vestir uma calça e ver que o zíper não fecha, é um saco e dá a maior revolta.
Eu perdi alguns quilos e quero ver se consigo perder mais uns dois ou três.
E comer bem nem sempre (acho que quase nunca) é comer muito, né?
Precisamos sim comer verduras, legumes, frutas...
Eu tenho certeza de que você irá conseguir!
Beijos
Dê, vc sabe que sou fã do teu blog e sempre que posso dou uma passadinha por aqui, mas nunca deixei nenhum comentário, porém hoje não tive como deixar de comentar.
Você sabe que eu me identifico totalmente com seu depoimento, e parece mentira, mas passei por tudo isso há pouco tempo, meus exames até que estavam normais, mas eu me sentia muito mal, e também fiz consultas com vários médicos, nutricionista, endocrino e etc, e agora estou começando a observar os resultados e é maravilhoso. Pena estarmos longe uma da outra, pois poderíamos compartilhar experiências e vitórias.
Beijos... saudade!!!!
Olha que coisa!!
Importei o Robson pra cá!! kkkk
Pois é, amiga, eu também sofro com a balança. Tanto que há uns meses postei um desabafo sobre isso.
Mas pior do que lidar com a balança é lidar com a nossa própria cobrança (e ansiedade).
Só sei que calma e perserevança dão mais certo que dieta radical.
Bjks,
Déa
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