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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Nossa única certeza

Estava meio reticente quanto a escrever sobre este tema, visto tudo o que as meninas aqui do blog vêm passando, mas depois de ontem, para mim, falar sobre a morte se tornou necessário.
A Jú e a Déa perderam pessoas queridas recentemente, relataram aqui e dividiram conosco a sua dor. Ontem, fui pega de surpresa quando soube que a mãe de uma amiga de colégio também havia falecido. Quando eu soube da notícia, fiquei em choque. Não só pela perda de uma mãe, que eu imagino, deva ser algo agonizante, mas também porque há 3 anos esta mesma amiga perdeu o pai e, assim como eu, ela é filha única. Quando conversei com ela hoje, ela me disse exatamente o que eu pensei: agora eu não tenho ninguém.
Estar ao lado dela, dar apoio e dizer que não é bem assim, ela tem as amigas, o restante da família, o namorado, os sogros é o mínimo que se pode fazer numa hora destas, para tentar dar qualquer dose de conforto que seja possível ter num momento tão delicado. Mas imaginar a dor e a ausência que ela está sentindo, imaginar seus próximos dias, a volta à sua rotina, me assusta profundamente.
Me assusta porque eu simplesmente morro de medo da morte. Só de pensar no assunto, fico apavorada. Não saber o que acontece depois – se é que acontece – de onde somos e pra onde viemos é um dos maiores pânicos da minha vida. E, preciso confessar: eu nunca vi uma pessoa morta. Já fui a alguns velórios e a um único enterro, mas nunca vi o morto. Sempre fico do lado de fora, porque só o ambiente me faz suar frio. Acredito que isso se deva também porque tive a felicidade de nunca ter perdido um ente querido. Nenhum parente próximo meu morreu, nenhum amigo, ninguém extremamente próximo. Antes que você pense que eu sou de uma família de vampiros imortais, explico: meus avós por parte de mãe casaram muito cedo, tiveram filhos muito cedo e, graças a Deus, têm boa saúde. Os meus avós por parte de pai eu nunca tive muito contato e, quando a minha avó morreu, eu era tão pequena que nem sabia o que estava acontecendo. Pra ser sincera eu só me lembro do rosto dela porque vejo fotos.
E é por tudo isso que a morte me dá muito, mas muito medo. Medo porque ninguém vive para sempre e um dia, estas pessoas que eu amo tanto, vão morrer. E eu não sei como vou lidar com esta situação, como vou encarar este fato e mais do que isso: como vou conseguir ver esta pessoa dentro de um caixão? Medo de imaginar como será a vida sem estas pessoas que a gente tanto ama, que faziam parte da nossa rotina e da nossa história. Eu sou uma pessoa muito dependente de gente. Eu preciso ver meus avós sempre (afinal, eu cresci com eles), preciso estar perto da minha mãe, falar com ela, preciso visitar meus sogros, preciso ver meus cunhados, meu sobrinho, meus amigos. E não sei como vou agir quando um momento destes acontecer.
Por isso, observo a força com que as mesmas Jú e Déa vêm lidando com estas perdas recentes, para ver se com elas, eu vou aprendendo para quando a minha vez chegar. E até mesmo com esta minha amiga, que está passando por uma das maiores provações. Como dizem, a morte faz parte da vida e é verdade, ela é a nossa única certeza. Como confortar uma pessoa num momento destes se nem você saberia como agir? Eu devia ser mais madura em relação a isso. Mas, assim como tudo na vida, eu vou aprender de uma das duas formas: pelo amor ou pela dor.
Que vocês me perdoem pelo tema, pela sinceridade, pelo desabafo. É chocante perceber o quanto a morte está sempre, a todo instante, tão próxima da gente.
Postado por Denise

2 comentários:

Evy disse...

Ah, essas coisas são complicadas mesmo...
O pior de você ver a pessoa dentro do caixão é que geralmente a última imagem que você tem dela é isso.
A última imagem que eu tenho do meu pai é ele dentro do caixão, e isso é horrível.

Andréa disse...

Dê,
vcs sabem que eu vi a Leda sucumbir durante os últimos cinco anos.
Mas ainda não relatei que a vi morrer, alí, na minha frente.
Pior que ver alguém num caixão, foi ter que ficar pedindo, em seu ouvido, para que ela fosse embora durante toda a sua agonia.
Depois, escolher a roupa que ela usaria para ser enterrada foi outra provação.
Acredito que eu tinha que passar por tudo isso.
E hoje, acredito cada dia mais, no poder (e na necessidade) de dizer a todo instante EU TE AMO pras pessoas que me são caras.
Portanto, Dê, EU TE AMO, viu?
Beijo,
Déa