Tem um tempo que eu venho querendo falar sobre isso, mas nunca encontro um tom adequado, por ser um assunto tão sensível: família.
Não é engraçado como é só falar em família e as pessoas logo fazem mil caras e e bocas? Todos têm histórias legais para contar e todos, sem exceção, têm aquela história de raiva e, porque não dizer, de terror. Porque família é isso: é uma mistura difícil de decifrar. Você ama e odeia as mesmas pessoas em questão de dias. Basta pequenos acontecimentos e tudo muda.
Para mim, existe uma grande diferença entre família e parente. Os parentes são aquelas pessoas que têm o mesmo sobrenome que você, mas que não necessariamente, representam algo em sua vida, estão presentes no seu dia a dia. Como aquele tio querido, que é o mais especial de todos e só de vê-lo você sente saudade da infância ao seu lado, tem aquela tia que gosta de falar da vida de todo mundo, tem aquele outro mais distante, que só aparece em casamento e velório, tem aquele que vai todo domingo na casa da sua avó para “filar uma bóia” e tem aquela prima conhecida por dar problemas e também tem aqueles primos que só aparecem para contar vantagem. Os parentes são aquelas pessoas que a gente vai colocando na lista de convidados para uma festa de casamento porque sua mãe ou seu pai dizem: “você não pode esquecer da tia Ermenengarda”, mesmo que você nem saiba quem é esta pessoa.
Agora família não. Família é diferente. Família é aquela com quem você se reúne para almoçar aos finais de semana. Aqueles com quem você precisa planejar o Natal. São aqueles também que estão sempre por perto, mesmo que por telefone, para saber como estão as coisas, e, por que não dizer, para fuxicar um pouco também. É uma relação permanente de amor e ódio. Têm dias em que eu fico tão carente de família que eu simplesmente preciso ir para a casa da minha mãe, minha sogra, minha cunhada e ficar ali, conversando com eles, senti-los, estar junto. Têm dias em que eu não quero nem que eles saibam que eu estou em casa, quero paz, silêncio e falar o menos possível sobre mim, minha vida e minha rotina. Pior ainda é que família, pela proximidade e pseudo-intimidade, se vê no direito de, muitas vezes, dar conselhos e opiniões, mesmo quando você não pede. E, quando você pede e precisa, eles também estão ali, mesmo que o façam de contragosto. Família tem mil e uma facetas e é desnecessário dizer que todas elas têm problemas. Alguns maiores, outros mais complicados, outros fúteis aos olhos alheios, mas os problemas sempre existem. E, invariavelmente, a estrutura familiar é sempre a primeira a ser checada quando você está com algum problema. Provavelmente, por conta das teorias freudianas. É aquela coisa: mãe fuma crack, pai preso então eu também serei trombadinha. Culpa de quem? Da família. E como explicar o playboy que sempre teve tudo fácil, estudou nos melhores colégios, se formou, conheceu o mundo e acabou ateando fogo em índio e mendigo? Não sei dizer e acredito nem mesmo quem estude comportamento humano tenha respostas enfáticas sobre estas indagações. Mas que a família é sempre o epicentro da situação, com certeza.
Outra coisa que eu nunca vou entender é porque família se vê no direito de te visitar sem avisar que está indo à sua casa! Não importa se você tem planos para sair, se você vai viajar, se você quer passar o dia de pijama em frente à TV ou se você simplesmente não quer sair, falar, nada, só ficar em casa. Eles aparecem para lhe fazer uma visita – mesmo sem serem convidados ou dar um simples telefonema para dizer: estou indo. Porque eles acham que podem fazer isso? Família significa estar eternamente à disposição? Às vezes, me parece que sim. Ouvi uma vez uma pessoa dizer: família boa é aquela que mora nem tão perto que possa te visitar de chinelos e nem tão longe que precise vir de malas. Maldade? Talvez um pouco. Mas que tem um quezinho de verdade, tem sim...rs
Pare e pense em coisas que você faz hoje por “responsabilidade” da sua família. Pense também naquelas que você não fez por influência deles. É impossível não ter um caso sequer. Uma mágoa de alguém que você ama muito, ainda assim. Uma saudade enorme de alguém que quando está perto, as vezes, até te irrita. Uma vontade de absurda de passar um Natal comendo e rindo ao lado destas pessoas que você vive esta relação tão frágil desde que nasceu.
Eu sou teimosa, tenho personalidade difícil e muitas alterações de humor. Mas eu admito que mesmo com tudo o que minha família representa nestas constantes instabilidades, é só ao lado deles em que eu me sinto completa. É como se cada um de nós tivesse algo que completasse o outro e que, quando estão em sintonia, soam perfeitamente. E, como ninguém é perfeito, basta uma nota fora de tom para a música sair do ritmo.
Mas família é isso mesmo. No amor e na dor estamos sempre em volta deles, sempre em prol deles. Casamos e temos nossos filhos para dar continuidade, para construirmos a nossa família e então, recomeçar o ciclo. O porquê de tudo isso? Seria prepotência demais minha querer explicar. Somos assim e pronto. O ser humano é complicado por natureza. Graças a Deus! Que graça teria se tudo fosse simples demais, não é?
Como dizem os Titãs: "Família! Família!Vovô, vovó, sobrinha. Família! Família! Janta junto todo dia. Nunca perde essa mania"...
Postado por Denise
4 comentários:
Oi Dê
Esse seu texto explica exatamente o significado de família.
Família realmente é difícil de entender, as vezes impossível rsrs.
Qualquer tipo de relacionamento que seja nunca é perfeito, o de família inclusive.
E já disse isso inclusive para Ju Liana....
Família de comercial de margarina não existe rsrs....
Bjs
Di
Dê, você é fantástica!
Esse texto é simplesmente tudo...
Acho que dispensa até comentários.
TE AMO!
Beijos,
Evy
Realmente Dê,não sei o que seria sema minha família,incluindo todos os meus amigos que tb fazem parte da minha família.
Acho horrivel quando estou sozinha em casa,gosto de casa cheia,todos conversando,rindo....Isto é maravilhoso!!!
Bjs
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